Hiperbórea

Hiperbórea

Contos Insólitos: O mundo de Hiperbórea

Bem menos conhecida que a Atlântida, Hiperbórea é um continente ainda mais antigo e igualmente fantástico. Como no caso da Atlântida, foram os filósofos da Grécia antiga quem primeiro descreveram a Hiperbórea. Para eles, esta era bem real e não uma simples lenda. Muitos investigadores eram da mesma opinião.

Os relatos mais antigos sobre a Atlântida constam dos Epígonos, uma epopeia da Grécia antiga cuja autoria é desconhecida, mas que foi escrita no século VIII a.C. Na mesma época, Hiperbórea também foi citada por Hesíodo, um célebre poeta.

A palavra «hiperbóreo» deriva de uma palavra grega que significa «aquele que vive para lá de Boreas, o vento do norte». Esta definição tem sido objeto de várias interpretações, como veremos mais adiante.

Hiperbórea - Um continente mítico ou real?

Como acontece com a Atlântida, na ausência de quaisquer vestígios arqueológicos de Hiperbórea, com certeza há investigadores afirmando que este continente não passa de uma lenda, enquanto outros asseguram a existência de um imenso país com esse nome no Norte da Europa.

Para os Gregos da Antiguidade, era um local maravilhoso e paradisíaco situado na ponta setentrional do mundo habitado. Muita gente situa Hiperbórea no Pólo Norte, no Ártico, ou em seus arredores habitados.

Aristeas de Proconeso, outro filósofo grego e grande viajante, por volta de 600 a.C., referia-se a Hiperbórea como a terra onde sempre brilhava o sol. Leto, a mãe de Apolo, seria uma hiperbórea. Da mesma forma, Teseu, rei e fundador de Atenas, e outros heróis gregos teriam feito longas estadas nesse país.

Hiperbórea - Os Hiperbóreos: mestres espirituais e adivinhos

A principal característica dos Hiperbóreos era a de serem muito avançados espiritualmente, sendo grandes e poderosos adivinhos.

Como filósofos, teriam inspirado fortemente os pensadores da Grécia Antiga que, lembro, é uma das bases da civilização ocidental, juntamente com o mundo romano que foi também muito influenciado pelo pensamento grego. Ainda hoje, os fundamentos culturais, filosóficos e religiosos de toda a Europa estão impregnados desta filosofia.

Entre os seus descendentes estão quase todos os filósofos e pensadores da Grécia antiga antes de Sócrates. Por exemplo: Aristeas de Proconeso, já mencionado, Epimênides de Creta, Ferécides de Siro, Hermótimo de Clazomene, e muitos outros que viveram entre 600 e 500 a.C. Supostamente, todos realizaram milagres e curas extraordinárias para aquela época.

Hiperbórea - Os discípulos de xamãs e de feiticeiro

Além disso, parece que todos acima mencionados, e muitos dos seus discípulos, foram grandes xamãs capazes de entrar em transe e de conectar-se em níveis mais elevados de consciência, de acordo com vários investigadores na área do esoterismo e do desenvolvimento espiritual.

Os Hiperbóreos e todos os seus descendentes gregos, que acabei de citar praticavam o êxtase apoloniano (derivado do nome do deus grego Apolo). Este consistia em sair do seu próprio corpo, dando ao espírito a possibilidade de viajar no tempo e no espaço, sem limite.

Desse modo, o êxtase apoloniano permitia que estivessem de repente em todos os lados da Terra, viajassem no tempo, e contatassem as Forças Superiores na origem da criação e preservação do universo. Da mesma forma, permitia que consultassem os mestres espirituais já falecidos, para continuarem a se beneficiar dos seus ensinamentos após a morte física.

Hiperbórea - Os Gregos da antiguidade: os sucessores dos Hiperbóreos

O êxtase apoloniano dos Hiperbóreos, que foi transmitido aos Gregos, permite alcançar um estado superior de consciência, para dialogar e comunicar diretamente com as Forças Supremas do Universo. Essa é a base da maior parte das práticas xamanísticas e das cerimônias mágicas ainda usadas hoje em dia por vários adivinhos, magos, médiuns e videntes!

De acordo com toda esta informação, há fortes probabilidades de que os Gregos sejam efetivamente o povo a quem os Hiperbóreos transmitiram o conhecimento. Isso foi reconhecido pelos maiores filósofos e historiadores gregos, de Platão a Aristóteles, passando por Heródoto.

O próprio grande Pitágoras (580 a.C.– 495 a.C.) parece ter sido um descendente dos Hiperbóreos. Pitágoras é o pai da matemática e foi também um grande cientista, filósofo e taumaturgo (pessoa que faz milagres e possui o dom da cura).

Desenvolveu a utilização mágica dos números, que está na origem de várias escolas espirituais. É considerado por vários filósofos um dos maiores espíritos de todos os tempos.

Hiperbórea - Na origem de várias correntes espirituais modernas

Os Hiperbóreos não só influenciaram a Grécia Antiga como, atualmente, várias escolas e tradições espirituais como, por exemplo, a Sociedade Teosófica. Deste modo, em 1888, Helena Blavatsky, a sua fundadora, havia distribuído uma versão da história da humanidade totalmente diferente da que se encontra nos manuais oficiais!

De acordo com a sua teoria, sete grupos humanos teriam se desenvolvido paralelamente em sete partes diferentes do globo. De acordo com a ciência moderna, o Homem teria nascido na África, uma teoria que acaba de ser posta em causa por alguns dos maiores paleoantropólogos.

Ainda de acordo com Helena Blavatsky, Hiperbórea é o nome da segunda terra que ela situava em torno do Pólo Norte e que foi criada para acolher a raça destinada a povoar a Ásia do Norte.

Esta não é uma hipótese fantasista, na medida em que as regiões polares não foram sempre as terras geladas e nevosas, com temperaturas extremas, que se conhecem atualmente.

Hiperbórea - Um Pólo Norte com clima tropical!

Em certas épocas geológicas, como o Mioceno, as regiões polares da Groenlândia e Spitzbergen não tinham estações tão rigorosas como atualmente, e até mesmo beneficiavam de um clima muito quente! Aliás, Groenlândia quer dizer «Terra Verde» (em Inglês Greenland) e, quando foi descoberta, estava cheia de florestas!

Não é impossível que, nesse período antigo, as civilizações tivessem se desenvolvido nos desertos glaciares para lá do círculo ártico!

Hiperbórea - Enfim, a explicação do seu desaparecimento

Helena Blavatsky não é a única que acredita na existência de Hiperbórea. Com ela estão investigadores como René Maurice Gattefossé que, em 1923, falou disso também em seu livro: A verdade sobre a Atlântida.

Para ele, os Hiperbóreos estão na origem da maioria dos cultos solares na história da humanidade. Ele afirmou que, somente pessoas vivendo no Grande Norte e privadas de sol durante uma parte do ano, poderiam dar tal importância ao astro solar e render-lhe culto.

A alteração glacial que estas regiões sofreram ao longo dos períodos geológicos pode explicar bem por que a civilização hiperbórea desapareceu, e a necessidade que teve de migrar e/ou de transmitir os seus conhecimentos aos povos em contato com eles!